sexta-feira, 25 de abril de 2014

Estou cansado e o tabaco
dorme sobre a mesa.
Há um adamastor para cada momento
rindo atrás das nossas costas
consciente das suas hipóteses.

terça-feira, 15 de abril de 2014

vazio

dói-lhes o peito;

assentaram-nos em contraplacado
e os soldados que partiram para o ultramar
voltaram para não regressar.

sentem-se a definhar;

se brilham os dias é porque as balas são de ouro;
e em cada coração estão 20 delas cravadas
e por cada guerra há mil belas que não serão mais amadas
e por cada morte há uma vela queimada...

a cera encherá os vazios que outros deixaram.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

pm, 1

são horas que já não sinto,
infiéis às portas que abro.

deslizam-me por entre os dedos
e num surto de desassossego
quebram-me.

passam dias desde que vi
e desde então nunca mais fui cego.