sábado, 11 de janeiro de 2014

(desejo de deixar tudo e ser nómada)

queima-se a agonia do homem
e na mancha de sangue retira-se apenas o sofrimento:
ele é santo e tem como único pranto
não ter nem dor nem fogo na vida.

arquitectos que edificaram dolmens
e levantam dúvidas, criam acesos os monumentos:
morte no canto e na beleza, a campa
de quem viveu a enterrar caveiras.

não houve alquimia que chegasse
para transformar fome em vales,
onde crescem vinhas
e vinham de todos os cantos saciar sedes
num riacho que beijava o mar noutras paragens.

nunca as vi, mas de mantos de morte estava já eu farto:
ser nómada ou não ser nada:
ser pegadas ou conforto...
não espero que a casa se faça horto
nem que as caçadas se façam funerais:
largo tudo para ser morto para vós
e por agora viver mais.

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