sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

pastor

o pastor guardava ovelhas
enquanto os olhos pastavam.

via o verde como quem via verdades
e vertia o que tinha para dar aos outros.

pedia ao tempo para voltar a trás
mas o tempo não lhe dava casa nem guarida
nem era nem chegada nem partida
nem tinha sequer o que o tempo tinha
porque nem minhas nem tuas eram as vinhas
mas vinho bem meu e bem teu era
salvando a alma que definha e a calma que se avizinha
porque nem tem sequer o que o tempo tinha que ter
para ter tanto tempo como o que já tinha tido.

pobre pastor guarda ovelhas,
não toca tambor porque não era adão
mas eram rosadas as suas maçãs
do tinto que tragava por entre ver o gado aos saltos
e o copo a passar de alto a baixo.

pobre pastor era mais rico homem que muita gente rica
e não tinha nada por dar tudo.

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